(Jamie McDonald/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 17 de maio de 2025 às 10h36.
Última atualização em 19 de maio de 2025 às 16h16.
O agronegócio tem peso relevante na economia gaúcha, que será atingida pelo embargo às exportações de carne de frango menos de um ano depois de enfrentar problema semelhante com a doença de Newcastle (DNC) — que também atinge as aves — e um ano após as enchentes que assolaram o estado na passagem de abril para maio de 2024, lembrou Giovani Baggio, economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).
Nas contas do economista, 40% da economia gaúcha vêm do agronegócio, incluindo a agropecuária e os segmentos da indústria de transformação e dos serviços que giram em torno do campo. A transformação de alimentos é o principal segmento da indústria manufatureira do estado:
"Se pegarmos os últimos cinco anos, já incluindo 2025, porque tivemos estiagem de novo aqui, só teve um ano em que não tivemos problemas climáticos que afetaram a produção do agronegócio. Foi em 2021. Tivemos seca em 2020, 2022 e 2023. Em 2024, tivemos as enchentes".
Segundo o economista, mesmo que todas as medidas de controle sejam adotadas rapidamente e evitem o espalhamento da gripe aviária, haverá impactos negativos na economia. Isso já aconteceu após o registro do caso de DNC, em julho do ano passado.
Nas contas da Fiergs, as exportações de carne de frango caíram 6,9% em 2024 ante 2023 por causa da doença, considerando as quantidades. Tanto que, disse Baggio, no acumulado de julho a dezembro, após o registro do caso de DNC, o tombo nos embarques para o exterior foi maior, de 8,4%.
Os três estados do Sul são os maiores produtores de frango do país. Paraná é o maior, e o Rio Grande do Sul é o terceiro. Segundo o economista da Fiergs, 12,2% dos empregos na indústria avícola brasileira estão no estado.
Além disso, 4,5% dos empregos da indústria de transformação no Rio Grande do Sul estão no abate de aves. A atividade é a segunda maior empregadora no setor, atrás da fabricação de calçados de couro, com 4,6% do total.
Baggio disse que em 14 dos cerca de 500 municípios gaúchos, incluindo Montenegro, mais de 10% dos empregos são no abate de aves, segundo a Fiergs. Em três deles — Miraguaí, Nova Araçá e Trindade do Sul —, mais da metade dos empregos estão no setor.
A gripe aviária é uma doença infecciosa. Ela é causada pelo vírus influenza A. Essa doença afeta aves, tanto as domésticas quanto as silvestres.
O vírus se espalha por contato direto ou indireto com secreções respiratórias, fezes e fluidos de aves doentes. Isso pode levar a sintomas respiratórios, hemorragias e problemas nervosos. A mortalidade nas aves é alta, e a produção de ovos cai.
Em raras ocasiões, o vírus pode infectar mamíferos, como os humanos. Isso geralmente acontece por contato direto com aves contaminadas.
Não. O vírus da gripe aviária infecta principalmente aves aquáticas silvestres, como patos e gansos, que são reservatórios naturais, mas também pode infectar galinhas, perus e outras aves domésticas.
Em alguns casos, mamíferos como gatos, cães e até humanos podem ser infectados.
Galinha espirra? 5 dúvidas inusitadas sobre a gripe aviáriaSegundo especialistas e autoridades sanitárias, não há risco de transmissão da gripe aviária pelo consumo de carne de frango ou ovos, desde que estejam devidamente cozidos.
O vírus da influenza aviária é muito sensível ao calor e é destruído durante o cozimento, em qualquer preparo que utilize fogo. Portanto, alimentos de origem aviária preparados adequadamente são seguros para consumo.
Além disso, órgãos internacionais como o Ministério da Agricultura, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) reforçam que não existem registros de transmissão da gripe aviária a partir do consumo de frango ou ovos cozidos.